A história
Na
história, um casal de irmãos vivem juntos em uma casa grande e
velha, situada no norte do distrito de Bueno Aires. Eles passam seus
dias fazendo coisas simples e rotineiras. Irene
tricota, seu irmão lê livros e usualmente sai para comprá-los.
Ambos limpam a casa e cozinham juntos.
Um dia eles ouvem barulhos misteriosos que aos poucos vão tomando os cômodos da casa. Apesar da constante perda de espaço por essa força desconhecida, eles parecem não se chocar com tudo aquilo.
Sem haver explicações claras, eles abandonam partes da
casa por causa dessa invasão que o autor não revela quem ou o que é. Quando finalmente esse "outro" domina completamente todos
espaços, os irmãos saem da casa sem levar nada consigo.
O
livro é escrito em primeira pessoa com o narrador (irmão) sendo o
protagonista da história. Isso adiciona realismo na história em
contraste com o "desconhecido" que invade a casa e traz um
elemento “surreal” na história.
O
protagonista e a irmã vivem no distrito de Bueno Aires, numa rica e
privilegiada situação econômica. A casa em que vivem possui muitos
quartos, o que nos faz pensar que sua família ocupava esses espaços
no passado.
Essa
casa grande onde vivem, certamente pertencia a esses antigos parentes
e eles (o casal de irmãos) provavelmente eram os últimos da
linhagem de sua família: "Guardaba los recuerdos de nuestros
bisabuelos, el abuelo paterno, nuestros padres y toda la infancia".
É
possível notar que eles não precisam trabalhar para viver e que
passam a maior parte do tempo fazendo pequenas atividades, como
limpar, ler, tricotar e tendo pouquíssimos contatos com o mundo
exterior.
Os
irmãos parecem ser obcecados pela rotina e pela limpeza da casa. E
sabe-se pouco sobre o narrador, exceto de que gosta de literatura
francesa. E que sua irmã é uma mulher muito passiva e que se sente
muito feliz por passar seu tempo tricotando.
Os
irmãos vivem um romance incestuoso, passam seu tempo apenas um com o
outro e são desinteressados nas pessoas que vivem no mundo lá fora:
"Simple y silencioso matrimonio de hermanos".
A
casa é personificada na história: "a veces llegamos a pensar
que era ella que nos dejó casar". O que nos mostra algum tipo
de controle que a casa tem sobre os irmãos e que cria uma barreira entre
eles e o mundo lá fora. O único momento em que o narrador (o irmão)
sai da casa é para comprar seus livros de literatura francesa. Já a
irmã (Irene) nunca sai da casa e passa seus dias tricotando.
A
casa mostra tudo sobre os irmãos; suas atividades diárias,
hobbies e até personalidade. Uma vez que eles perdem os espaços da
casa por essa força estranha e desconhecida, eles acabam perdendo
também sua identidade.
O desconhecido
Os
irmãos no final da história podem ser vistos como os que se
tornaram "os de fora", pois eles acabam tendo que sair por
essa ocupação do "desconhecido" e não tem pra onde ir.
Eles
que haviam diversos objetos e atividades no início da história,
pouco a pouco, os veem sendo tomados e acabam indo embora sem nada.
"Tuviste tiempo de traer alguna cosa - le pregunté inultimente.
- No, nada".
Os
"outros" são invasores que são apresentados como
desconhecidos inimigos. Eles são também referenciados no plural
durante a história, como, por exemplo, quando eles tomam a primeira
parte da casa: - "Tuve que cerrar la puerta del pasillo. Han
tomado parte del fondo". E possível que o leitor
automaticamente presuma que é mais de um esse "outro" que
invade a casa.
Durante a história, o autor não deixa pistas de quem ou o que
aqueles barulhos são e os irmãos não necessariamente se sentem
assustados ou chocados por aquilo. Um exemplo é a passagem em que o
irmão diz a Irene que haviam tomado a parte de trás: "dejó
caer el tejido y me miró con sus graves ojos cansados - Estas
seguro? Senti. - Entonces - dijo recogiendo las agujas - tendremos
que vivir en este lado."
Ela
não mostra nenhum medo e apenas continua tricotando. Eles parecem
ter conhecimento sobre o que ou quem invadiu a casa e agem sozinhos
defendendo a si próprios contra a invasão. No final da história,
os invasores ainda são misteriosos personagens para o leitor e nos
deixa indagações.
Há
inúmeras interpretações para o significado por trás de Casa
Tomada, sendo uma delas a de que Cortázar usou a relação entre os irmãos, "os outros" e a casa, uma forma de responder a
uma questão social e política que ocorria em Bueno Aires no
passado.
Uma metáfora sobre o “desconhecido”
Sobre isso, há
uma metáfora para essa perda da casa pelos irmãos pela “força
desconhecida”. A questão é que a oligarquia e as classes
hegemônicas (da qual o casal fazia parte) não podiam tolerar que
lhe tomassem a casa pelos que vinham de fora. A casa estava a ponto
de ser tomada pela “chusma ultramarina” (experiência da
imigração espanhola e italiana que a oligarquia argentina viu como
maus olhos, ao final do século XIX e início do XX).
Na época, a
política imigratória peronista foi a da espontaneidade, e isso
significava que qualquer um poderia vir. Espontaneidade significava
abertura; não havia limites religiosos ou culturais para aqueles que
viriam. As elites desapreciavam esses imigrantes e os chamavam de “la
chusma ultramarina”.
Bibliografia: CORTÁZAR, Julio. Casa Tomada. Disponível em: <>.http://www.ciudadseva.com/textos/cuentos/esp/cortazar/casa_tomada.htm>. Acesso em: 03 fev. 2016.
Referência:<>.https://www.youtube.com/watch?v=_pPhYoKqwk0>. e
<>.http://www.ukessays.com/essays/spanish/treatment-of-the-outsider.php>.
<>.http://www.ukessays.com/essays/spanish/treatment-of-the-outsider.php>.
Excelente!
ResponderExcluirÓtimo!
ResponderExcluirfoda-se
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