sábado, 6 de fevereiro de 2016

Exercícios feitos sobre Linguística do livro Manual de Linguística, de Martelotta

 
exercícios de manual de linguistica, martelotta

 

 

1. Faça um comentário acerca do conceito de “linguística” apresentado no início do texto: “disciplina que estuda cientificamente a linguagem”.



A linguística tem como objeto de estudo a linguagem humana através da observação de sua manifestação oral ou escrita (ou gestual, no caso da língua dos sinais). Seu objetivo final é depreender os princípios fundamentais que regem essa capacidade exclusivamente humana de expressão por meio das línguas. Para atingir esse objetivo, os linguistas analisam como as línguas naturais se estruturam e funcionam. A investigação de diferentes aspectos das diversas línguas do mundo é o procedimento seguido para detectar as características da faculdade da linguagem: o que há de universal e inato, o que há de cultural e adquirido, entre outras coisas.
Pode-se, portanto, dizer que a linguística executa duas tarefas principais: o estudo das línguas particulares como um fim em si mesmo, com o propósito de produzir descrições adequadas de cada uma delas, e o estudo das línguas como um meio para obter informações sobre a natureza da linguagem de um modo geral.


2. Que argumento(s) poderia(m) ser usados para privilegiar a análise da língua falada?



A língua falada, excluída durante muito tempo como objeto de pesquisa, tem características próprias que a distinguem da escrita e constitui foco de interesse de investigação. Ou seja, a linguística, apesar de se interessar também pela escrita, apresenta interesse especial pela fala, uma vez que é nesse meio que a linguagem se manifesta de modo mais natural, diferente da escrita, que é mais planejada. Isso faz da fala um material mais interessante para que se possa compreender o funcionamento da linguagem humana.


3. Aponte um aspecto que caracterize a relação entre linguagem e nossa estrutura neurobiológica e comente sua escolha.



A partir de estudos no século XIX, de cientistas como Paul Broca e Karl Wernick, ficou estabelecido que lesões ou traumatismos em determinadas áreas do cérebro provocam problemas de linguagem: as afasias.
Lesões que ocorrem na parte frontal do hemisfério esquerdo do cérebro, causam nas pessoas afetadas, uma articulação deficiente e uma séria dificuldade de formar frases sem que, no entanto, sua compreensão daquilo que as outras pessoas falam seja comprometida. Diz-se que os pacientes que apresentam esse problema sofrem de afasia de Broca.
Já lesões na parte posterior do lóbulo temporal esquerdo geram problemas de linguagem diferentes, causando a perda da capacidade de produzir enunciados com significado, assim como a capacidade de compreender a fala de outras pessoas. Costuma-se caracterizar essa deficiência como afasia de Wernicke. A partir de então vêm sendo desenvolvidos estudos acerca da interface entre cérebro/mente/linguagem, caracterizando uma área de pesquisa normalmente chamada neurolinguística ou afasiologia. Com isso, podemos demonstrar as relações entre linguagem e estrutura neurobiológica e que o funcionamento da linguagem, tal como ocorre, está relacionado a uma estrutura biológica que o veicula.


4.Que aspectos caracterizam a linguística como o estudo científico da linguagem?



Em primeiro lugar, a linguística tem um objeto de estudo próprio: a capacidade da linguagem, que é observada a partir dos enunciados falados e escritos. Esses enunciados são investigados e descritos à luz de princípios teóricos e de acordo com uma terminologia específica e apropriada. A universalidade desses princípios teóricos é testada através da análise de enunciados em várias línguas. Em segundo lugar, a linguística tende a ser empírica, e não especulativa ou intuitiva, ou seja, tende a basear suas descobertas em métodos rígidos de observação.
Estreitamente relacionada ao caráter empírico da linguística está a atitude não preconceituosa em relação aos diferentes usos da língua. Essa atitude torna a linguística, primordialmente, uma ciência descritiva, analítica e, sobretudo, não prescritiva.


5. Estabeleça uma distinção entre linguística, filologia e semiologia.



A semiologia não se interesse apenas pela linguagem humana de natureza verbal, mas por qualquer sistema de signos naturais (a fumaça é um sinal de fogo, nuvens negras são sinal de chuva, etc) ou culturais (sinais de trânsito, gestos, formas de dança, etc.).
Para Saussure, a linguística seria um ramo da semiologia, apresentando um caráter mais específico em função de seu particular interesse pela linguagem verbal.
Independentemente da dificuldade de delimitar o campo dessas duas disciplinas, podemos apontar, como fator de diferenciação, um aspecto que parece estar presente na maioria dos manuais da disciplina: a linguística estuda a linguagem verbal, enquanto a semiologia, com seu caráter mais geral, interessa-se por todas as formas de linguagem.

Quanto à diferença entre linguística e filologia, podemos dizer que a última é uma ciência eminentemente histórica, que por tradição se ocupa do estudo de civilizações passadas através da observação dos textos escritos que elas nos deixaram. Esse estudo engloba a exploração exaustiva dos mais variados aspectos do texto: linguístico, crítico-textual, sócio-histórico, entre outros.
De maneira geral, a filologia se interessa pelo estudo do texto escrito, enquanto a linguística, embora não despreze a escrita, se volta para a linguagem oral.


6.Cite algumas áreas em que os resultados da pesquisa linguística podem ser aplicados.



A linguística tem sido aplicada em maior ou menor grau, em contextos de aprendizagem de língua. Os estudiosos da língua têm usado informações linguísticas em tarefas educacionais. As aplicações da linguística não se restringem, porém, ao domínio do ensino de línguas ou ao campo de atuação da disciplina denominada linguística aplicada; outras áreas utilizam, produtivamente, as descobertas teóricas da pesquisa linguística para fins práticos, como a afasiologia, a inteligência artificial, a tradução automática e o desenvolvimento de softwares capazes de traduzir a fala humana em escrita e vice-versa. Em resumo, há vários domínios em que a linguística pode ser aplicada. Dependendo do propósito da aplicação, as disciplinas relevantes esses propósitos vão variar.






Bibliografia: MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2015.
 

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