1)
ALOFONES
Os
sons que formam as oposições que distinguem o significado das
palavras se chamam fonemas.
Os
sons que não distinguem o significado das palavras e são apenas
variantes de um mesmo fonema se chamam alofones.
Entendendo
A exemplo, no
Brasil, há oposição fonológica entre os sons /s/ e /ʃ/, o
primeiro aparece na palavra soco ['sokʊ] (golpe com a
mão fechada, murro) e o segundo na palavra choco ['ʃokʊ]
(ovo que está se desenvolvendo no embrião), portanto podemos
dizer que /s/ e /ʃ/ são dois fonemas do português.
No
entanto, a palavra tosco, realizada por falantes florianopolitanos e paulistanos, traz, respectivamente, as seguintes
produções: ['toʃkʊ] e ['toskʊ].
Apesar
dos sons [s] e [ʃ] estarem presentes nessas produções, as duas
palavras não apresentam sentidos distintos, todas as duas produções
querem dizer “algo não lapidado ou polido, grosseiro” (FERREIRA,
2004). A troca de um som pelo outro não produz mudança de
significado. Nessa situação, tais sons são considerados variantes
fonológicas ou alofones de um mesmo fonema e não dois
fonemas como ocorreu com soco e choco. Em geral, usa-se
um desses alofones para representar o fonema.
A
escolha desse representante é feita em função de sua maior
presença na língua (ou seja, qual dos alofones seria mais comum) ou
na facilidade de explicação levando em conta princípios mais
naturais, quer articulatórios ou em relação ao equilíbrio de
valores fonológicos dentro de sistemas linguísticos.
A
representação de fonemas é feita entre barras simples, como /s/, a
das variantes (alofones) é mostrada entre colchetes [s].
Outro
exemplo de alofones em distribuição complementar vem também do
português brasileiro. Nos dialetos mineiro e carioca, por exemplo, o
fonema /t/ realiza-se foneticamente como [t] ou [tʃ], a depender da
posição em que ocorre na palavra.
[tʃ]
ocorre diante da vogal [i], como em "tia" ['tʃia] ou
"latim" [la'tʃĩ] e [t] diante das demais vogais ("tua"
['tua], "tombo" ['tõbu]). Nesse caso, tanto [t] quanto
[tʃ] são alofones ou variantes previsíveis (pelo contexto em que
ocorrem) de um mesmo segmento abstrato, o fonema /t/.
A
exemplo do espanhol, o fonema /b/ de /báso/ vaso, se realiza como
oclusivo no contexto [úm báso] un vaso, mas como fricativo em [ése
βáso] ese vaso.
Poderíamos
dizer:
Fonemas
Alofones
[b]
– [úm bóte] → un bote
/b/
→
[β] – [ése βóte] → ese bote
[β] – [ése βóte] → ese bote
[d] - [úņ déðo] → un dedo
/d/
→
[ð]
- [ése ðéðo] →
ese
dedo
[g]
- [úŋ gáto] →
un
gato
/g/
→
[ɣ]
- [ése ɣáto] → ese gato
2)
Falta de correspondência entre sons da fala e grafemas
Enquanto
ciência que investiga os sons da fala nas várias línguas do mundo,
a fonética necessita de um sistema notacional para representá-los.
A princípio, pode parecer que o sistema alfabético de conta dessa
tarefa. No entanto, se pensarmos em exemplos do português, logo
notaremos que uma letra (grafema) não corresponde necessariamente a
um som, de modo que mais de um som pode ser representado pela mesma
letra ou, ao contrário, um mesmo som pode ser representado por
diversas letras, conforme ilustra o quadro a seguir:
A falta de correspondência entre sons e grafemas, que resulta do fato de ser a escrita uma representação da fala, existe nas outras línguas que se utilizam de sistemas alfabéticos. E acontece não só no interior de uma língua, mas entre línguas diferentes. Basta considerar que, na Língua Inglesa, a sequência ph grafa o mesmo som representado, na Língua Portuguesa, pela letra f.
Bibliografia:
SILVA, Adelaide Hercília Pescatori. Língua Portuguesa I: fonética e fonologia. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2007.
Lazarotto-volcão,
Cristiane; Nunes, Vanessa Gonzaga; Seara, Izabel Christine. Fonética
e Fonologia do Português.
2. Ed. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011.
QUILIS,
Antonio & FERNÁNDEZ, Joseph A. Curso de
fonética y fonología españolas. Madrid, Consejo Superior de
Investigaciones Científicas. 1992.
Referência:
wikipedia/alofonia
Melhor explicação que já vi a respeito do assunto.
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