1. Em seu livro de 1994 (ver indicações bibliográficas), o linguista e psicólogo norte-americano Steven Pinker afirmou que a linguagem natural é um instinto da espécie humana, uma capacidade que herdamos da natureza. Para Pinker, assim como as aranhas são naturalmente programadas para tecer teias, os humanos são programados para falar (pelo menos) uma língua. Explique por que essa afirmação de Pinker deve ser considerada coerente com os fundamentos da linguística gerativa. Você concorda, em parte ou completamente, com a afirmação do psicólogo-linguista? Vê nela algum exagero? Comente.
Para behavioristas, a
linguagem humana era interpretada como um condicionamento social,
uma resposta que o organismo humano produzia mediante os estímulos
que recebia da interação social. Um fenômeno externo ao
indivíduo, um sistema de hábitos gerado como resposta a estímulos
fixados pela repetição.
Porém Chomsky apresentou uma
radical e impiedosa crítica à visão comportamentalista da
linguagem sustentada pelos behavioristas através do Gerativismo
criado por ele. Chomsky chamou a atenção para o fato de um
indivíduo humano sempre agir criativamente no uso da linguagem,
isto é, a todo momento, os seres humanos estão construindo frases
novas e inéditas, ou seja, jamais ditas antes pelo próprio falante
que as produziu ou por qualquer outro indivíduo.
Chomsky chegou a afirmar que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico humano, aquilo que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação animal.
Para Chomsky, a capacidade humana de falar e entender uma língua (pelo menos), isto é, o comportamento linguístico dos indivíduos, deve ser compreendida como o resultado de um dispositivo inato, uma capacidade genética e, portanto, interna ao organismo humano (e não completamente determinada pelo mundo exterior, como diziam os behavioristas).
Chomsky chegou a afirmar que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico humano, aquilo que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação animal.
Para Chomsky, a capacidade humana de falar e entender uma língua (pelo menos), isto é, o comportamento linguístico dos indivíduos, deve ser compreendida como o resultado de um dispositivo inato, uma capacidade genética e, portanto, interna ao organismo humano (e não completamente determinada pelo mundo exterior, como diziam os behavioristas).
Em
outubro de 2001, um geneticista inglês chamado Anthony Monaco,
professor da Universidade de Oxford e integrante do Projeto Genoma
Humano, anunciou a descoberta do primeiro gene que aparentemente
está destinado a controlar a capacidade linguística humana: o
FOXP2. Como a hipótese FOXP2 esboça, a existência de genes cuja
função na genética de nossa espécie é controlar o uso de
pronomes, a construção de orações subordinadas, a flexão de
verbos, etc.
Dessa
forma a linguística gerativa será a corrente da ciência da
linguagem que travará forte diálogo com as ciências naturais, não
sendo, portanto, exagero afirmar que Pinker tem total fundamento para
falar em um ‘instinto da linguagem’.
2. Leia as sentenças abaixo. Ponha um asterisco antes daquelas que considerar, segundo a sua intuição, agramaticais e escreva OK depois daquelas que considerar gramaticais. Logo após explique: de onde vem essa intuição sobre as frases da língua?
Outro
centro de atenção dos gerativistas sempre foi compreender como é
possível que os falantes de uma língua tenham intuições sobre as
estruturas sintáticas que produzem e ouvem. Estamos falando de um
conhecimento implícito, inconsciente e natural acerca da língua
que todos os falantes nativos possuem, e não das regras da
gramática normativa que aprendemos na escola. Esse conhecimento
linguístico inconsciente que o falante possui sobre a sua língua e
que lhe permite essas intuições é o que denominamos competência
linguística – o conhecimento interno e tácito
das regras que governam a formação das frases da língua.
-
Parece que os alunos estão cansados. OK
-
Os alunos, parece que estão cansados.OK
-
Os alunos parecem estar cansados. OK
-
Os alunos parecem estarem cansados. *
-
Parece os alunos estarem cansados. *
-
Parece os alunos estar cansados. *
-
Os alunos, parece que eles estão cansados. OK
3. No final da festa do aniversário do seu filho, a dona Maria ia anunciar que estava na hora de cortar o bolo e disse a seguinte frase: “Vamos gente, está na hora de bortar o colo!”. A própria falante riu do que disse e corrigiu a frase logo depois. O erro linguístico que dona Maria cometeu deve ser explicado como um problema na competência ou no desempenho linguístico? Explique.
O conhecimento linguístico inconsciente que o
falante possui sobre a sua língua e que lhe permite intuições
é denominado competência linguística – o
conhecimento interno e tácito das regras que governam a formação
das frases da língua. A competência linguística não é a mesma
coisa que o comportamento linguístico do indivíduo, aquelas
frases que de fato uma pessoa pronuncia quando usa a língua.
Esse uso concreto da língua denomina-se desempenho linguístico (também conhecido por perfomance ou, ainda, atuação) e envolve diversos tipos de habilidades que não são linguísticas, como atenção, memória, emoção, nível de estresse, etc.
Esse uso concreto da língua denomina-se desempenho linguístico (também conhecido por perfomance ou, ainda, atuação) e envolve diversos tipos de habilidades que não são linguísticas, como atenção, memória, emoção, nível de estresse, etc.
O
que aconteceu foi apenas um erro de execução, com a preservação
do segmento /b/ no início da palavra “cortar”, o que não
significa que seu conhecimento sobre o português tenha sido abalado.
O que ocorreu não foi um problema de conhecimento, mas de
uso, de desempenho, de perfomance da língua.
4. Observe o que diz John Lyons a respeito da propriedade lingüística da produtividade: “O que é impressionante na produtividade das línguas naturais, na medida em que é manifesto na estrutura gramatical, é a extrema complexidade e heterogeneidade dos princípios que a mantêm e constituem. Mas, como insistiu Chomsky, esta complexidade e heterogeneidade não é irrestrita: é regida por regras. Dentro dos limites estabelecidos pelas regras da gramática, que são em parte universais e em parte específicos de determinadas línguas, os falantes nativos de uma língua têm a liberdade de agir criativamente – de uma maneira que Chomsky classificaria de distintivamente humana – construindo um número indefinido de enunciados.” (Lyons, 1987, p. 34). Explique o que é : a) criatividade como qualidade distintivamente humana e b) criatividade regida por regras.
A) Chomsky chamou a
atenção para o fato de um indivíduo humano sempre agir
criativamente no uso da linguagem, isto é, a todo momento, os seres
humanos estão construindo frases novas e inéditas, ou seja, jamais
ditas antes pelo próprio falante que as produziu ou por qualquer
outro indivíduo. Chomsky chegou a afirmou que a criatividade
é o principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico
humano, aquilo que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana
dos sistemas de comunicação animal.
B) A primeira elaboração do modelo gerativista ficou conhecida como gramática transformacional e foi desenvolvida e reformulada diversas vezes durante as décadas de 1960 e 1970. Os objetivos dessa fase do gerativismo consistiam em descrever como os constituintes das sentenças eram formados e como tais constituintes transformavam-se em outros por meio da aplicação de regras.
B) A primeira elaboração do modelo gerativista ficou conhecida como gramática transformacional e foi desenvolvida e reformulada diversas vezes durante as décadas de 1960 e 1970. Os objetivos dessa fase do gerativismo consistiam em descrever como os constituintes das sentenças eram formados e como tais constituintes transformavam-se em outros por meio da aplicação de regras.
Por
exemplo, a sentença “o estudante leu o livro” possui cinco itens
lexicais, que estão organizados entre si através de relações
estruturais que chamamos de marcadores sintagmáticos, e tais
marcadores poderiam sofrer regras de transformação de modo a formar
outras sentenças, etc.
Ou seja, os gerativistas perceberam que as infinitas sentenças de uma língua eram formadas a partir da aplicação de um finito sistema de regras (a gramática) que transformava uma estrutura em outra (sentença ativa em sentença passiva, declarativa em interrogativa, afirmativa em negativa, etc.) – e é precisamente esse sistema de regras que, então, se assumia como o conhecimento linguístico existente na mente do falante de uma língua, o qual deveria ser descrito e explicado pelo linguista gerativista.
Ou seja, os gerativistas perceberam que as infinitas sentenças de uma língua eram formadas a partir da aplicação de um finito sistema de regras (a gramática) que transformava uma estrutura em outra (sentença ativa em sentença passiva, declarativa em interrogativa, afirmativa em negativa, etc.) – e é precisamente esse sistema de regras que, então, se assumia como o conhecimento linguístico existente na mente do falante de uma língua, o qual deveria ser descrito e explicado pelo linguista gerativista.
5. O estruturalismo linguístico concebia a linguagem humana como uma forma de comportamento, e esse era interpretado como “uma resposta fisiológica a estímulos externos, podendo ser condicionado e programado – da mesma forma que ratos de laboratório podem ser treinados a puxar uma alavanca para obter comida” (O Globo 2000, pág. 414). Explique por que o gerativismo pode ser interpretado como um modelo de análise linguística radicalmente oposto ao modelo estruturalista/behaviorista.
Para os behavioristas, a linguagem humana era interpretada como um condicionamento social, uma resposta que o organismo humano produzia mediante os estímulos que recebia da interação social. Um fenômeno externo ao indivíduo, um sistema de hábitos gerado como resposta a estímulos fixados pela repetição.
Para os gerativistas , a capacidade humana de falar e entender uma língua (pelo menos), isto é, o comportamento linguístico dos indivíduos, deve ser compreendida como o resultado de um dispositivo inato, uma capacidade genética e, portanto, interna ao organismo humano (e não completamente determinada pelo mundo exterior, como diziam os behavioristas), a qual deve estar ficada na biologia do cérebro/mente da espécie.
Dessa forma é possível notar a grande diferença nos modelos de estudos propostos pelas duas escolas: o primeiro sob concepção empiricista e o segundo racionalista.
6. Observe os dados do inglês e do espanhol abaixo. Leve em consideração também a tradução dessas frases para o português. Explique o comportamento dos sujeitos e dos objetos (nulos ou preenchidos) nessas três línguas de acordo com as noções de Princípio e Parâmetros.
Com a evolução da lingüística gerativa no início dos anos 1980, a idéia da competência lingüística como um sistema de regras específicas cedeu lugar a hipótese de gramática universal (GU). Deve-se entender por GU o conjunto das propriedades gramaticais comuns compartilhadas por todas as línguas naturais, bem como as diferenças entre elas que são previsíveis segundo o leque de opções disponíveis na própria GU. Para procurar descrever a natureza e o funcionamento da GU, os gerativistas formularam uma teoria chamada de princípios e parâmetros.
Podemos dizer que a língua portuguesa se caracteriza por suportar a ocorrência de sujeitos nulos: Ex: (Sim, vi), (Sim, vi ele).
Deixar o sujeito nulo é uma propriedade do português e também de outras línguas, como o espanhol, o italiano, mas essa propriedade não é comum a todas as línguas humanas.
Línguas como o inglês (bem como o francês, o alemão, etc.) não permitem o sujeito nulo e exigem o preenchimento do SN (sintagma nominal) sujeito da frase nem que seja com um pronome expletivo (sem conteúdo semântico). Ex: (*Yes, saw).
Línguas como o português se caracterizam como [+sujeito nulo], enquanto línguas como o inglês são [-sujeito nulo].
7. Explique por que as descobertas genéticas como a do gene FOXP2 e as pesquisas em neurolinguística e em psicolinguística em geral são uma forma de pôr à prova, para refutar ou confirmar, a validade epistemológica das hipóteses da linguística gerativa.
Para o gerativismo, a capacidade humana de falar e entender uma língua (pelo menos), isto é, o comportamento linguístico dos indivíduos, deve ser compreendida como o resultado de um dispositivo inato, uma capacidade genética e, portanto, interna ao organismo humano, a qual deve estar fincada na biologia do cérebro/mente da espécie.
Em
outubro de 2001, um geneticista inglês chamado Anthony Monaco,
professor da Universidade de Oxford e integrante do Projeto Genoma
Humano, anunciou a descoberta do primeiro gene que aparentemente está
destinado a controlar a capacidade linguística humana: o FOXP2. Como
a hipótese FOXP2 esboça, a existência de genes cuja função na
genética de nossa espécie é controlar o uso de pronomes, a
construção de orações subordinadas, a flexão de verbos, etc.,
Dessa
forma a linguística gerativa será a corrente da ciência da
linguagem que travará forte diálogo com as ciências naturais,
sendo assim possível pôr à prova a validade epistemológica das
hipóteses da linguística gerativa.
Bibliografia: MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2015.
Excelentes textos. Felizmente, cheguei a seu blog depois de buscas relacionadas ao livro Manual de Linguística, de Martelotta.
ResponderExcluirObrigado Ruy....Esse livro tem mesmo uma linguagem esclarecedora!!
ExcluirAchei as respostas bem completas e pertinentes para as questões abordadas no livro. Todavia, considero que a questão 6 deixa um pouco de lado o espanhol e concentra-se na comparação entre o inglês e o português. Acredito que a questão espere que o discente compare as três línguas.
ResponderExcluirGraças ao seu blog estou compreendendo a matéria. Muito obrigada de coração! Continue nos ajudando! GRATIDÃO!
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